A COMUNICAÇÃO NA MISSÃO SALESIANA
“É extraordinário!
Faz os surdos ouvirem e os mudos falarem!”[1]
1.Coloquemo-nos
em onda - ...com a Igreja - ...e com o Carisma - A comunicação interpessoal.
- A comunicação social. 2. “Fazer os surdos ouvirem e os mudos falarem”.
- Mudar de mentalidade. - Condições para comunicar. - A urgência do momento:
qualificar-se. - Uma competência comunitária. 3. Orientações práticas.
- Esforços das comunidades. - Esforços das Inspetorias. - Conclusão.
Roma, 8 de dezembro de 1999
Solenidade da Imaculada Conceição
Queridos irmãos,
O ano 2000 está às portas. Vô-lo
desejo feliz no espírito do Jubileu extraordinário, que marca o divisor de
águas entre séculos e milênios. Nele, haverão de acompanhar-vos a reflexão
sobre a Penitência já transmitida[2] , a estréia sobre a Reconciliação e a Paz, a Carta sobre a Eucaristia
que vos chegará em maio e o subsídio preparado para as nossas celebrações
comunitárias[3] .
Desejo desenvolver nesta carta,
com calma, um ponto da nossa programação sexenal[4] .
Quando procuramos imaginar como
será a nossa vida e a dos jovens no próximo século, vem-nos espontâneo o pensamento
do desenvolvimento que a comunicação social poderá ter.
Os meios de comunicação social
já são em parte indispensáveis em nossos equipamentos pessoais, quase incorporados
ao nosso modo de viver: nossos dias são marcados pelos jornais, rádio, TV,
celular, computador, internet, congressos e encontros, espetáculos, eventos
culturais e acontecimentos editoriais.
A comunicação social enche o mundo
e determina a forma da convivência humana. Interessa, de perto, então, à vocação
do salesiano como discípulo de Cristo e, de forma ainda mais urgente, como
alguém que atua com mentalidade de educador nas frentes da promoção e da evangelização.
Chamamo-nos, com convicção e satisfação
interior, filhos de um Santo que soube dar ouvidos às muitas vozes que provinham
dos jovens e da cultura do seu tempo; e que conseguiu comunicar com gestos,
palavras e com a própria estrutura que tinha criado. Ela tornou-se, de fato,
“mensagem” justamente porque exprimia com clareza a finalidade e o espírito
da sua missão.
Dom Bosco ligava-se, nisso, à espiritualidade
de São Francisco de Sales, indicado hoje como Patrono dos jornalistas católicos
pela capacidade de falar e escrever sobre a vida cristã, fazendo-se entender
pelos pequenos e grandes, letrados e simples, homens de Igreja e pessoas alheias
a qualquer forma de religião.
Se passarmos a examinar a vida dos
jovens do nosso tempo, a partir destas considerações, surgirão dois sentimentos
em nós: descobrimos com pesar que a sua linguagem, aprendida da mídia, corre
o risco de já ser incompreensível para nós; e sentimos a urgência de recuperar
terreno no emprego da comunicação, como reposta à nossa vocação de Salesianos.
Trata-se de chegar antes e de manter
o passo de uma realidade que está em evolução contínua e que, por sua vez,
se torna motor de uma igual ininterrupta mudança global.
1. Coloquemo-nos em onda
... com a Igreja
Falou-se muito deste tema em documentos
oficiais recentes da Igreja e nos comentários para a jornada anual da Comunicação
Social.
O material é abundante e toca os
vários aspectos da comunicação social: da teologia[5] à dimensão sócio-cultural; da formação dos sacerdotes[6] à instrução dos fiéis; da preparação de programas à organização
pastoral das dioceses para uma intervenção orgânica nesse campo[7] .
Não faço a síntese da doutrina.
Contento-me apenas com alguns aspectos, para levar o tema a uma consideração
que acredito ser a mais importante para nós, tanto no plano da reflexão, como
no operativo.
Paulo VI intuíra a passagem de época
que a evangelização do mundo estava atravessando e, como conseqüência, as
novas formas exigidas pelo anúncio do Evangelho.
“Em nosso século- afirma na Evangelii
Nuntiandi -, marcado pela mídia ou instrumentos de comunicação social,
o primeiro anúncio, a catequese ou o aprofundamento ulterior da fé não podem
desprezar estes meios.
Colocados a serviço do Evangelho, eles são capazes de estender quase
ao infinito o campo de escuta da Palavra de Deus, e fazem chegar a Boa Nova
a milhões de pessoas.
A Igreja sentir-se-ia culpável diante do seu Senhor se não se servisse
desses poderosos meios, que a inteligência humana torna a cada dia mais aperfeiçoados;
servindo-se deles a Igreja “prega sobre os tetos”[8] a mensagem de que é depositária; neles,
ela encontra uma versão moderna e eficaz do púlpito. Graças a eles consegue
falar às multidões”[9]
A indicação parte do mandato, entregue
à Igreja por Jesus, de fazer chegar o Evangelho ao mundo inteiro: trata-se
de falar a multidões, de estender ao infinito o campo da escuta da palavra,
de chegar com a boa nova a milhões de pessoas e, também, de ajudar povos inteiros
a viver com lucidez a fé recebida numa cultura nova. É um primeiro elemento
do qual tornar-se definitivamente conscientes: os púlpitos, as cátedras, as
praças e os canais do anúncio mudaram, com vantagens para todos.
Tomamos do abundante magistério
de João Paulo II, não por acaso considerado um grande comunicador, um segundo
ponto que vai além da capacidade extensiva dos MCS e nos introduz numa visão
mais substancial: a comunicação social como cultura.
“É um problema complexo, pois esta cultura nasce, menos dos conteúdos
do que do próprio fato de existirem novos modos de comunicar com novas linguagens,
novas técnicas, novas atitudes psicológicas.
O meu predecessor Paulo VI dizia que «a ruptura entre o Evangelho e
a cultura é, sem dúvida, o drama da nossa época», e este juízo é plenamente
confirmado pelo campo da comunicação moderna”[10]
.
A conclusão é peremptória. A simples
utilização dos instrumentos e técnicas de comunicação social não é suficiente
para chegar à integração entre mensagem evangélica e cultura atual. Devem-se
descobrir concepções de vida e valores, não digamos difusos, mas até mesmo
internos aos novos modos de comunicar. “Não basta, portanto, usá-los para
difundir a mensagem cristã e o Magistério da Igreja, mas é necessário integrar
a mensagem nesta “nova cultura”, criada pela comunicação moderna”[11] .
É um esforço maior, mas indispensável
e, de muitos pontos de vista, sedutor pela novidade de panoramas que oferece.
,
Concluo esta rápida resenha, trazendo
ainda um texto da Exortação Apostólica Vita Consecrata, que nos diz
respeito muito de perto. A ele a União dos Superiores Gerais quis dedicar
a sua 50ª Reunião[12] . A comunicação social é colocada
na Exortação entre os areópagos modernos que mais desafiam a mentalidade cristã
e portanto, tem mais necessidade de audácia, criatividade, competência e capacidade
de novas colaborações de pessoas carismáticas.
“As pessoas consagradas, sobretudo quando operam neste campo por carisma
institucional, devem adquirir um conhecimento sério da linguagem própria destes
meios, para falar eficazmente de Cristo ao homem de hoje, interpretando «as
alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias»[13] dele, e contribuir assim para a edificação
de uma sociedade onde todos se sintam irmãos e irmãs a caminho de Deus[14]
.
...e com o Carisma
Recordei brevemente a experiência
de Dom Bosco. Poder-se-ia contar a sua história de comunicador, descobrir
os códigos da sua comunicação, comentar os seus projetos. Podemos encontrar
a tradução fiel do seu pensamento nas Constituições que, justamente referindo-se
a ele, colocam a comunicação na perspectiva que comentávamos acima: como grande
possibilidade de educação e evangelização e como central de cultura.
Transcrevo literalmente o artigo
das Constituições: “Trabalhamos no setor da comunicação social. É um campo
significativo de ação, que está entre as prioridades apostólicas da missão
salesiana.
Nosso Fundador intuiu o valor dessa escola de massa, que cria cultura
e difunde modelos de vida, e lançou-se a empresas originais apostólicas para
defender e sustentar a fé do povo.
Seguindo-lhe o exemplo, valorizamos como dons de Deus as grandes possibilidades
que a comunicação social nos oferece para a educação e a evangelização”[15] .
A orientação estava presente no
primeiro texto constitucional preparado por Dom Bosco para apresentá-lo à
Santa Sé[16] . Desde então, a obrigação de empenhar-se
na comunicação social era reconhecido como parte importante do nosso apostolado.
As áreas típicas da missão confiada
aos Salesianos: a educação, a evangelização, a comunicação social, devem ser
relacionadas entre si e, para chegar a decisões operativas concordes com o
carisma, devem ser referidas também aos destinatários preferenciais da nossa
missão e aos serviços que lhes queremos oferecer[17]
.
Estes esclarecimentos ajudam de
um lado, a considerar a comunicação social não simplesmente como um conjunto
de instrumentos ou meios materiais a utilizar, ou como uma atividade autônoma,
embora no interior do carisma. Ela reveste toda a presença salesiana empenhada
na educação e evangelização, quer através de obras específicas, quer através
de outras formas de ação que influem na cultura popular e na promoção de formas
sociais adequadas[18] .
Por outro lado as mesmas orientações
constitucionais circunscrevem, orientam e finalizam as muita finalidades,
modalidades e campos da comunicação social aos objetivos da nossa missão,
livrando-a do risco da dispersão nas mensagens e iniciativas.
A comunicação é assim entendida
como “via mestra” para a realização das diversas áreas da missão. Consequentemente,
emerge como competência necessária que entra na identidade do salesiano educador,
pastor, evangelizador, promotor vocacional[19] . Ele realiza estes aspectos da sua
missão “em particular com a comunicação social”, afirma o artigo 6 das Constituições,
em linha com a carta circular de Dom Bosco de 19 de março de 1885: “Eu
vos peço-vos e esconjuro, pois, a não descuidar dessa parte importantíssima
da nossa missão. Iniciai-a não só entre os próprios jovenzinhos que a Providência
vos confiou, mas com as vossas palavras e o vosso exemplo fazei deles outros
tantos apóstolos da difusão dos bons livros”[20] .
A insistência de Dom Bosco deveria
ser hoje mais urgente. Ele colocar-se-ia ainda uma vez “na vanguarda do progresso”,
para influir sobre os critérios com que são utilizados hoje os novos instrumentos
técnicos e para difundir através deles e sobre eles propostas educativas e
culturais próprias.
Eu tinha isso em mente quando, no
final do CG24, propus a comunicação social como um dos principais pontos de
atenção do sexênio[21] e
quando, com o Conselho Geral, integrávamos na programação geral algumas orientações
sobre a comunicação, que considerávamos prioritárias, além de um adequado
programa setorial confiado ao dicastério correspondente[22] . “Habilitar – dizia-se entre as estratégias
para tornar mais significativa a presença salesiana – as comunidades e as
CEP a comunicar-se com o próprio contexto oferecendo mensagens eficazes (tipo
de presença, testemunho, intervenções, participação) para a promoção humana
e a evangelização”[23] .
Comunicação interpessoal
Como educadores, interessa-nos antes
de tudo a comunicação interpessoal entre adulto e jovem, entre leigos
e religiosos, entre os que são ricos de experiência e aqueles que dão os primeiros
passos na vida, entre todos os que têm dons a compartilhar.
Já tive a oportunidade de entreter-me
convosco sobre ela a propósito da comunidade “núcleo animador”[24] . Retomo-a brevemente por pertencer
ao tema que estamos tratando e porque, no seu contexto, revela novas dimensões.
Falou-se que o Sistema Preventivo
reconhece sua eficácia educativa principalmente ao encontro direto, face a
face. E trata-se de um encontro de confiança, de amizade. Para que o jovem
se entregue com confiança, também o educador deve entregar espontaneamente
aquilo que vive. O espírito de família favorece encontros para crescer juntos:
do pátio aos momentos programados de diálogo. São aspectos variados de comunicação
interpessoal.
Isso deve ser entendido de forma
análoga também pelos agentes, colaboradores, co-responsáveis. Todo projeto
e comunidade educativa exige o confronto sincero das situações nas quais atua,
a verificação do caminho proposto e realizado, a responsabilização naquilo
que vai brotando no coração das pessoas envolvidas enquanto procuram realizar
a missão comum.
As diversas formas de envolvimento
dos irmãos e comunidades justificam, para a comunidade religiosa, a
importância dada pelas Constituições aos encontros comunitários: conselhos
de comunidades, assembléias comunitárias, momentos de oração participada e
outros.
Reduzir as possibilidades de diálogo
e intercâmbio na comunidade religiosa, como nas comunidades educativas, levaria
a não desenvolver e não acompanhar os processos de crescimento dos jovens
e pessoas com as quais trabalhamos.
Acrescento duas notas. A nova tonalidade
e a nova situação da vida fraterna estimulam a criar espaços de conversação
em nossas comunidades. Muitas vezes, a pressa e as muitas coisas programadas
não deixam respiro suficiente à conversação repousante, não estruturada, em
que se pode fazer intercâmbio e colocar à prova a nossa capacidade de partilha.
Quando não cai no banal ou na murmuração, na fofoca e no lamento, a conversação
oferece condições para uma forma nova de estar juntos, de comportar-se, de
escutar, responder, conhecer-se e conhecer; enfim, de viver.
A segunda nota é para sublinhar
a importância da escuta atenta e interessada na comunicação interpessoal.
Dar a palavra, deixar falar! A comunicação é perturbada não só por aqueles
que se fecham no silêncio, mas também por aqueles que não favorecem ou não
dão espaço à manifestação dos demais. “Todo Superior (...) deixe falar muito,
mas ele fale pouco”[25] , recomendava Dom Bosco ao educador.
Hoje, a tendência, talvez aprendida da TV e dos espetáculos, leva em direção
contrária.
O esforço exigido à competência
educativa no âmbito da comunicação é, portanto, amplo. Inclui uma reforma
de atitudes e hábitos, além das relações e das formas de colaboração.
Comunicação social
A comunicação social vai além da
interpessoal. Projeta-nos no mundo das tecnologias que nos permitem dirigir
simultaneamente com uma mesma mensagem a grande número de pessoas e estabelecer
ligações e contatos sem fronteiras. Nesse sentido, é um fenômeno “novo” e,
em seu âmbito, continuam a ser produzidas inovações que nos questionam.
Vivemos, repete-se, numa aldeia
global, no país “eletrônico”. Tais expressões poderiam ser discutíveis. Apresentam,
porém, de modo adequado, uma idéia: a comunicação envolve a todos, alcança
os extremos do mundo, aproxima povos e pessoas: o universo que habitamos está
sempre mais unido por cabos. À rede dos meridianos e paralelos foi sobrepujada
pela rede das linhas de comunicação e das ondas eletromagnéticas que propagam
impulsos, imagens e vozes.
Os próximos anos prometem outras
revoluções ainda. O que já foi realizado no campo da comunicação social terá
um desenvolvimento tanto quantitativo quanto qualitativo que hoje é apenas
“simulado”. Fazem-no entender a pesquisa, o mercado e a publicidade: tão logo
adquirimos um celular, um televisor ou um computador, já ouvimos falar do
próximo modelo com novas possibilidades.
Estamos ainda nos primeiros passos.
As próximas novidades não serão as últimas. Poderiam até mesmo provocar uma
aceleração nessas transformações. Tudo isso representa uma oportunidade e
um condicionamento cujo valor não se pode correr o risco de subestimar.
Três aspectos das nossas comunidades
educativas e religiosas devem ser examinados seriamente.
O primeiro é a nova relação entre
meio e mensagem. Isso talvez ainda não tenha sido entendido ou aceito
pela nossa mentalidade, habituada a distinguir matéria e forma, conteúdo e
estilo.
Uma notícia, um evento, uma mensagem
assumem diferentes características, segundo o instrumento utilizado. Um é
o efeito quando se comunica à viva voz e face a face. Diversos são o valor,
o conteúdo da notícia e a reação dos ouvintes, se a mesma realidade chegar
através de um ou muitos jornais. Muda ainda quando é usado um anúncio radiofônico.
Se nos servimos, então, da televisão, os resultados são ainda diversos.
Quanto mais vasto for o raio de
intervenção, quanto mais atraente a forma de apresentação, quanto mais distante
o interlocutor, muito mais “incontestável” será a comunicação.
Há um segundo aspecto que nos diz
respeito muito de perto. Nossas comunidades, obras e atividades às quais damos
origem, entram como qualquer instituição, num sistema mais vasto de comunicação,
com que se confrontam e dentro do qual interagem. Parecem realidades físicas
e mudas; entretanto emitem mensagens ainda antes que nós peguemos a caneta
ou o microfone para explicar-nos e falar de nós.
É indispensável, então, ter cuidado,
não apenas quanto ao feito no interior da obra. Deve ser considerada a imagem
que se mostra, o reflexo que a nossa ação produz fora da obra. Fala o edifício
material com a sua sobriedade e bom gosto; fala o tipo de jovem que prevalece
na obra; comunica o programa e o estilo educativo; fala o ambiente experimentado
diretamente ou conhecido por outras vias. De acordo, depois, com a nossa comunicação,
com e no contexto, aquilo que realizamos pode expandir-se ou ser condicionado
negativamente.
Por último, deve ser percebido e
valorizado o serviço à comunidade.
A urgência de entrar na sociedade
da comunicação com vigor maior vem do fato que a informação e a comunicação,
enquanto ocupam um lugar sempre mais invasor na vida do homem, parecem dar
lugar a uma Babel, onde gente de um mesmo povo e língua não consegue se entender,
mais do que a praça de Jerusalém, onde o Espírito inspirou uma mensagem entendida
unitariamente por gente de diversos povos e línguas. Fala-se muito, de fato,
e atingem-se muitos com a comunicação social, mas a interpretação dos fatos
e aspectos importantes da vida são muitas vezes dispersivos e contraditórios.
É preciso, portanto, orientar para a unidade aquilo que ela tem de bom.
Como ser educadores e evangelizadores
numa aldeia global dessas dimensões? Como ser eficazes quando muitos mestres
concorrem à formação dos mesmos jovens, mas com propostas diferentes entre
si?
O problema não está no fato de usar
instrumentos, mas na capacidade de exprimir-nos adequadamente através deles.
Imersos numa rede universal, somos chamados a criar, a permutar, a armazenar
conhecimentos e riquezas culturais que se tornam comuns.
Uma pessoa e um povo são tais por
serem capazes de produzir o necessário para conhecer e ser conhecidos; por
saberem aprender dos outros aquilo que serve para viver, e saberem oferecer
aos outros o que pode ajudar a viver melhor; por serem capazes de acumular
informações, notícias, fatos e experiências que constróem a própria história
e servem para caminhar na direção do futuro.
Há um patrimônio que se transmite,
de informações, conhecimentos e imagens úteis. A comunicação atual, porém,
pode levar, se não se conhecem as suas leis, tanto ao descuido do que é importante,
como ao esquecimento do que se elaborou com esforço.
2. “Fazer os surdos ouvirem e
os mudos falarem”
Jesus é a Palavra. Como vive uma
inefável comunicação com o Pai e o Espírito, Ele comunica Deus ao homem e
fá-lo perceber, à luz de Deus, em seu justo sentido e dimensão, pessoas, acontecimentos
e coisas. E esta palavra penetra no universo e difunde-se na história.
O homem deve aprender a dispor-se
em acolhe-la e depois comunicá-la.
Há páginas evangélicas que bem exprimem
a tarefa educativa que temos no âmbito da comunicação. São aquelas nas quais
se narra como Jesus abre as capacidades dos sentidos: olhos, ouvidos, língua
,e habilita a perceber o mundo, os outros e si mesmo;
“Trouxeram-lhe um homem surdo e mudo, e pediram que lhe impusesse a
mão. Levando-o à parte, longe da multidão, colocou os dedos nos ouvidos dele
e, com saliva, tocou a sua língua. Erguendo os olhos ao céu, deu um suspiro
e disse-lhe: ‘Effatá’, isto é, ‘Abre-te’.
Abriram-se imediatamente os seus ouvidos, e desatou-se o nó de sua
língua, de modo que ele falava corretamente. Jesus, porém, recomendou que
não dissessem nada a ninguém. Entretanto, quanto mais insistia, mais eles
proclamavam o fato.
Cheios de admiração, todos diziam: ‘Ele tem feito bem todas as coisas!
Faz os surdos ouvirem e os mudos falarem’”[26] .
Os milagres são uma epifania de
Jesus e colocam em evidência aspectos do seu poder de salvar o homem. A abertura
dos órgãos e a recuperação dos sentidos permitem comunicar com a realidade
total da qual tinham sido afastados: a realidade física do mundo, a das pessoas,
a interior, a transcendente. Fazem-nos, por primeiro, observadores e ouvintes
atentos dessa realidade e, depois, permitem-nos interpretá-la e proclamá-la.
Assim, o cego de nascença começa vendo os homens “como se fossem árvores”
e acaba vendo Jesus como Messias, Filho de Deus[27] .
Notemos que o milagre se realiza
sem qualquer palavra de Jesus. Ele faz gestos concretos, simples, de compreensão
imediata, que não precisam de comentários. A voz individual de quem foi curado
é logo amplificada pela “informação” de todas as testemunhas que começam a
falar para contar o que aconteceu.
Somos chamados a dar a palavra,
a abrir os olhos, a informar sobre o dom de Deus. Como dispor-nos? Vivendo
em boa comunicação com as realidades que contam e sendo bons comunicadores,
não simplesmente técnicos dos instrumentos.
Mudar de mentalidade
A comunicação social, dizíamos,
investe toda a presença salesiana. Entrar nela comporta, não só retocar alguns
elementos dessa presença, deixando os demais invariáveis; ela exige a realização
de uma conversão cultural, que se traduz em empenho espiritual e novidade
de visão pastoral.
A preocupação prevalecente no trabalho
era, até hoje, voltada ao rendimento que se podia obter no interior das obras.
Conseguimos criar nelas, com a graça
do Senhor e com a ação dos irmãos e colaboradores, um ambiente satisfatório
e sereno e comunicar aos jovens convicções, atitudes e valores.
As comunidades salesianas, além
disso, relacionavam-se com o contexto social em que se encontravam, segundo
as modalidades possíveis na era pré-informática: oferta de momentos culturais,
participação em acontecimentos religiosos e sociais, relação direta com as
famílias, contato com organismos e instituições civis e eclesiásticas.
Era uma práxis formulada e praticada.
Hoje, na era informática, intervêm novos fatores que devem fazer crescer a
consciência e atenção diante das repercussões amplificadas da própria presença,
atitudes e intervenções.
A comunidade salesiana é
chamada a projetar, olhando para o próprio trabalho também a partir de fora.
É um recolocar-se, não tanto geograficamente como migração de um lugar a outro,
quanto mentalmente, isto é, sabendo considerar as coisas de pontos de vista
que vão além do espaço material e das finalidades imediatas.
Isso exige passar das preocupações
elaboradas em seu interior à escuta das sensibilidades e expectativas que
provêm do contexto. Passar do fazer muito e com empenho, só entre os muros
domésticos, a pôr em relevo o que e como os outros podem perceber da nossa
ação e presença; passar do simples desenvolvimento acurado das atividades
à capacidade comunicativa e envolvente do contexto sobre valores típicos da
missão e espiritualidade salesiana.
Há uma palavra de Dom Bosco que
nos pode ajudar a compreender o significado disso tudo, para que a presença
salesiana, em seu esforço de mostrar-se ou falar de si, não se reduza a aspectos
de fachada nem se centralize na auto-apresentação.
“Vivemos em tempos, nos quais é precisa agir. O mundo tornou-se material;
é preciso, por isso, trabalhar para tornar conhecido o bem que se faz. Se
alguém faz também milagres rezando dia e noite e ficando em sua cela, o mundo
nem percebe e não acredita mais. O mundo precisa ver e tocar”[28] .
É uma expressão arrojada, de uma
solidez que desconcerta. Exige um modo diverso de olhar à mesma organização
da vida comunitária e ação apostólica. É indispensável pensar na presença,
na comunidade e na obra salesiana “em rede”, como uma emissora, intercomunicada.
O CG24 indicou novas aberturas nesse
sentido. A primeira refere-se aos colaboradores leigos. Não se trata
apenas, já foi repetido muitas vezes, de ter pessoas externas na comunidade,
que vêm trabalhar conosco na educação e evangelização dos jovens. A sua presença
significa, da nossa parte, acolhida de outros pontos de vista: as modalidades
típicas de intervenção.
Esta mudança de mentalidade e de
modelo operativo tem um nome: comunidade educativa. Ela não é um fato
puramente técnico, uma nova estrutura; ela é, justamente, uma realidade de
comunicação interna e externa. Não se reduz à expressão de conteúdos bem articulados,
com clareza verbal e corretamente colocados no tempo. É, antes de tudo, capacidade
de relação, de informação real, pertinente e oportuna, de partilha vital,
de opção comum dos critérios educativos e pastorais.
O salesiano presente na comunidade
educativa com uma responsabilidade específica, deverá aprender as muitas estradas
e variações do diálogo com os leigos e com o conjunto da mesma comunidade
educativa.
Um segundo âmbito, que interessa
a mudança de mentalidade, é o contexto em que somos chamados a agir: o território
mais vasto em que a obra salesiana é colocada como centro de agregação.
A redescoberta desta função convida
a alargar o diálogo às instituições educativas, sociais e religiosas atuantes
na mesma área. O confronto com elas é o banco de prova do que somos capazes
de comunicar além da comunidade religiosa e dos colaboradores mais estreitos.
O que é percebido fora do projeto
educativo dos salesianos, das opções de valores privados e sociais que eles
fazem si próprios e propõem aos jovens?
Como a obra salesiana está qualificada
no território, nos setores que lhe são mais congeniais carismaticamente: atenção
à condição dos jovens, acompanhamento do desenvolvimento da camada popular,
proximidade de quantos sentem-se e vivem isolados e marginalizados? A CEP
torna-se significativa no território e, portanto, a mensagem é compreensível,
quando é capaz de associar os que estão interessados em iniciativas educativas
e culturais e apresenta-se como centro de irradiação de sensibilidade, propostas
e agentes que se ligam a ela.
Pode-se referir, também, a uma terceira
abertura à qual impele o mesmo CG24: é o espaço criado pelas técnicas modernas,
capazes de construir relações, oferecer uma imagem de si e iniciar um diálogo
efetivo com interlocutores invisíveis mas reais.
Exige-se, aqui, sobretudo uma mudança
de mentalidade, tanto porque o espaço virtual não nos é familiar, como porque
é preciso aprender formas novas de comunicação e encontro. Não faltam exemplos
de realizações que, em se dando possibilidades, são levadas adiante também
por jovens cheios de boa vontade ou colaboradores profissionais. Multiplicaram-se
as web e algumas delas apresentam uma qualidade educativa e alcançam
um número de pessoas que duplicam o influxo da obra.
Somos parte, consciente ou não,
de uma grande rede que nos envolve. Pode-se ficar estranhos a ela ou inserir-se
nela, oferecendo, também neste campo, os dons que temos como educadores e
evangelizadores.
Não se considere coisa de pouco
valor o fato de poder difundir instantaneamente, no mundo todo, informações
e comunicações. Comentamos com frequência mais os riscos do que os valores
dessa situação. Se quisermos, porém, que o mundo da comunicação seja modificado
pelo fermento evangélico devemos sentir-nos interpelados a intervir e interagir
com aqueles que vão às praças ou areópagos “para falar e ouvir falar”[29] .
Condições para comunicar
Considerando-se as coisas de uma
perspectiva imediata, as condições principais para a comunicação social parecem
ser a espetacularidade e a venda dos produtos.
É suficiente dar um pouco de atenção
àquilo que a televisão oferece, como o mais poderoso dos mass media,
para nos convencermos disso. A TV tende, pela sua natureza, a fazer de qualquer
acontecimento um espetáculo. Todos os programas são organizados ao redor dessa
exigência. A própria informação deve ser espetáculo.
Para ser interessante na TV é preciso
suscitar emoções, impressionar, ser apresentado como imagem forte a golpes
de luz, cor, originalidade, sucessão rápida de fotogramas e comentários.
A comunicação, dessa forma, é hoje
um grande mercado. Definimos a nossa como uma sociedade de informação e imagem.
A informação é a principal matéria prima da economia: trocamos muito mais
dados do que produtos. A audiência é disputada sem exclusão de golpes. A propaganda
visa mais a imagem do que o produto oferecido. A mesma comunicação, em todos
os seus aspectos, é produção de grandes empresas, com o relativo jogo de pesquisa
e oferta, concorrência de preços e qualidade.
A comunidade salesiana vê-se em
ação, nessa situação, com intenção educativa. Também ela deve, em certo sentido,
impressionar e vender. Procura, pois, entender como funciona a comunicação,
mas sublinha a exigência de ela ser colocada a serviço do crescimento humano,
e que realize comunhão entre os homens.
Para ser capaz de propostas e eficaz,
a comunidade visa outras condições: quer do ponto de vista pessoal e quer,
mais ainda, do ponto de vista institucional, ela aposta na autenticidade
e na transparência.
São essas as qualidades exigidas
por aqueles que nos consideram ponto de referência para a vida e a experiência
humana e cristã num território. Não só, para nós, discípulos de Cristo, são
também requisitos e fatores vencedores da comunicação.
Reconheço que nos é pedida a aquisição
de algumas atitudes pessoais e comunitárias. Vivemos, quase de forma reservada,
opções e projetos, realizações e orientações culturais. Os outros deviam descobrir
a alma interior das nossas atividades. Não era nossa intenção mantê-los escondidos,
mas não estávamos nem mesmo preocupados em ser “transparentes”, em deixar-nos
conhecer.
O discurso não é só moral. Pertence
ao universo da comunicação: para estar presentes, é preciso ser legíveis;
para ser eficazes, é preciso ser autênticos, ou seja, comunicar experiências
e convicções profundamente sentidas e vividas.
Os instrumentos da comunicação,
particularmente os mais recentes, representam um supermercado de idéias. As
visões da vida e as propostas que oferecem são muitas, fáceis de acolher e
fáceis de abandonar.
O perigo é perder o sentido da diferença
entre necessário e supérfluo, entre importante e efêmero. Sendo tudo objeto
de consumo, tudo pode ser objeto de permuta. E nesse “tudo” podem acabar também
a autenticidade e a transparência. A “ficção agradável” em vista da venda
substitui a verdade e a sinceridade: a busca obsessiva de audiência torna-se
norma em vez de propósito de gerar convergência e resposta responsável.
Conscientes, também desses riscos
e tendências reais, exprimimos um juízo positivo sobre o mundo todo da comunicação,
pelas “vantagens que esses instrumentos podem proporcionar à família humana,
quando bem utilizados; de fato, eles servem admiravelmente para elevar e
enriquecer o espírito, como também propagar e reforçar o Reino de Deus”[30]
.
Jesus, Apóstolo do Pai, vindo ao
mundo para comunicar a vida de Deus, uniu de forma nova os três elementos
da expressão humana: a palavra, a ação e os gestos simbólicos. A palavra como
apoio do gesto, para que este não ficasse mudo; o gesto como complemento da
palavra, para que ela se enchesse de visibilidade e consistência (“A Palavra
fez-se carne”[31] , diz-se de Jesus que vem ao mundo);
a ação como realização na história da riqueza do gesto e do significado da
palavra.
Autenticidade e transparência não
são, pois, uma utopia irrealizável. São os critérios de avaliação do que é
oferecido para construir comunhão e responsabilidade. Medem, com outras palavras,
se a vontade de comunicar é verdadeira e as intenções que a orientam estão
na linha da ética e do amor. Constituem, então, o empenho do crente que quer
entrar em relação com os outros.
A urgência do momento: qualificar-se
Torna-se necessário, então, um caminho
formativo adequado a fim de responder ao desafio da comunicação atual.
Com a evolução da mídia surge um
conflito entre as possibilidades internas às mesmas tecnologias e a aceitabilidade
humana do que é oferecido através dela. Não é automático, de fato, a relação
entre crescimento técnico e amadurecimento humano, entre desenvolvimento tecnológico
e progresso civil.
Notemos que enquanto a técnica se
desenvolve com extrema rapidez, o desenvolvimento das competências individuais,
de aprendizagem e uso das novas técnicas é muito lento e desigual.
Já faz parte da experiência de nossas
comunidades uma dupla velocidade: alguns têm dificuldade de adaptação e afastam
até mesmo o pensamento de pôr-se a aprender o uso e a avaliação do que se
refere aos instrumentos informáticos; outros, diversamente, vêem-se facilmente
nas novas linguagens e possibilidades oferecidas por elas e mantêm facilmente
o passo do seu desenvolvimento. É, de certa forma, o espelho do que está acontecendo
na realidade social, em dimensões muito maiores.
O que fazer, então? A única estrada
útil a seguir é a da formação. A nova alfabetização, isto é, a capacidade
de ler e escrever na cultura da mídia, refere-se a todas as pessoas e, no
que concerne à fé, a todos os crentes. Quanto mais deverá interessar a educadores
e evangelizadores!
Desde há alguns anos, a Igreja,
através dos dicastérios competentes da Santa Sé, propõe um caminho que contempla
três diversos níveis de formação: um de base, um segundo “pastoral”, o terceiro
de preparação especializada.
O mínimo exigido coloca-se no nível
de base. Cada um de nós consome quotidianamente informações que o atingem
através de mil caminhos: do jornal ao livro, do rádio ao vídeo, do cinema
à Internet.
Aprender a ler e avaliar é o primeiro
passo. Não se pode expor ao bombardeamento comunicativo, sem ter os necessários
anticorpos e chaves de leitura para não se deixar cooptar de maneira ingênua;
para não ver apenas com os olhos dos outros e julgar com a cabeça dos outros.
Não se pode nem sequer ser apenas audiência num momento em que a interatividade
é generalizada e cada cidadão tem o direito e a possibilidade de exprimir-se
imediatamente sobre o que lhe é oferecido.
No caminho formativo das comunidades,
religiosas salesianas ou educativas, dever-se-ão considerar as orientações
da Igreja[32] ,
para não exprimir unicamente apreciações negativas genéricas, mas ajudar a
saber dar juízos motivados sobre os produtos da comunicação. É preciso fazer,
então, o esforço de forma-se para poder servir-se ordinariamente dos novos
meios, técnicas e linguagens: verbal, de gestos, audiovisual, simbólico; discurso,
rádio, televisão.
O espaço é amplo para propostas
formativas e também para iniciativas de intervenção regular e ordinária, correspondente
às exigências dos diferentes lugares em que se trabalha. Penso no quanto as
comunidades educativas poderiam influir na defesa dos direitos dos mais fracos
e dos valores das culturas locais, se soubessem inserir-se nos circuitos de
comunicação com avaliações justas sobre aquilo que acontece e com propostas
oportunas sobre as coisas a serem feitas.
Uma função permanente de “comunicação”
ao externo, também com despesas econômicas, é tudo mais que supérflua ou marginal
à comunidade educativa.
O segundo nível de formação
refere-se àqueles que têm responsabilidades particulares na animação da comunicação
social no território.
Não se trata ainda do nível de especialistas,
mas de agentes educativos e pastorais que devem entrar na rede de comunicação
com o próprio profissionalismo e segundo a própria missão. Interessa, então,
aos animadores inspetoriais da comunicação social, às comunidades religiosas
e educativas.
Trata-se de conhecer, antes de
tudo, os influxos reais e efetivos que as novas tecnologias da informação
e da mídia exercem sobre os processos educativos de indivíduos e grupos.
Nasce daí uma exigência nova de
projeto educativo: integrar explicitamente os critérios da comunicação nas
opções pastorais. Ontem, era suficiente que o conteúdo fosse bem definido
e confeccionado. O instrumento teria servido só para fazer “passar” a mensagem
com eficácia ao maior número possível de destinatários.
O novo modelo põe em evidência que
a mídia não é apenas “meios”, mas comporta uma cultura, uma filosofia de vida,
uma ética que reinterpreta e relê os valores, uma espiritualidade que pede
uma síntese dos aspectos novos da vida humana e cristã. O uso dos instrumentos
e a forma determinam, na ordem mais específica da elaboração e apresentação
das mensagens, algumas características e significados não secundários da própria
mensagem.
Esta obra de inculturação é indispensável
hoje, e orienta de maneira diferente o ser educador e pastor.
Existem outros elementos desse nível
formativo, que exigem atenção como importantes e atuais.
A comunidade educativa deve estar
pronta a “dispensar o seu ministério tanto aos que são ricos de informação,
como ao que são pobres dela; [...] saiba como convidar ao diálogo, evitando
um estilo de comunicação que faça pensar em domínio, manipulação ou proveito
pessoal”[33] .
A comunidade salesiana e a comunidade
educativa devem saber acompanhar, de modo particular, os que vivem ativamente
empenhados no trabalho com a mídia. Não sejam deixados a sós. Sejam encorajados
e apoiados em sua atividade. Sejam convocados, em algumas circunstâncias,
para um diálogo franco e para uma ajuda recíproca em vista da compreensão
e revisão do próprio caminho e propostas[34] . Eles, por outro lado, procurarão
escutar avaliações e pareceres, agindo segundo um projeto comunitário e trabalhando
em equipe de maneira co-responsável e participada.
O terceiro nível de formação
refere-se aos especialistas de comunicação social. Interessa diretamente
às comunidades inspetoriais e, de reflexo, também às locais.
No plano de qualificação de uma
Inspetoria, pedido pelos Regulamentos[35]
e insistido na carta Por vós estudo[36] , adquire hoje um relevo particular
a preparação de irmãos no campo da comunicação social.
Alcançada a qualificação, estes
irmãos colocarão a própria competência a serviço da Inspetoria, agindo no
contexto de um projeto inspetorial e respondendo às exigências das diversas
dimensões: da pastoral juvenil, que dará maior atenção às perspectivas da
comunicação, à economia que cuidará dos aspectos financeiros e empresariais
das estruturas de comunicação presentes em muitas instituições salesianas.
O esforço feito pela Congregação
para dotar-se de uma faculdade universitária de comunicação social deve ser
valorizado para preparar irmãos que ajudem a Congregação a colocar-se no nível
das novas exigências.
Voltando o olhar à nossa história
recente, devo reconhecer a grande parte que tiveram os Salesianos para o crescimento
da sensibilidade eclesial ao redor da pastoral juvenil.
Poderá ser iniciado um caminho semelhante
com a comunicação social? Não se trata, também neste caso, de jovens que precisam
ser acompanhados em seu desenvolvimento, ou de camadas populares a serem apoiadas
em seu esforço de promoção?
“A comunicação é a dimensão do espírito
em que nós nos elevamos acima da nossa constituição biológica e do fato de
estarmos vinculados à natureza. Possui, por isso, uma função fundamental para
o desenvolvimento da compreensão de nós mesmos e do mundo”[37] .
O consenso que damos às comunicações
que chegam até nós oferece confirmação e oportunidade de amadurecimento à
identidade pessoal. O intercâmbio comunicativo desenvolve a compreensão do
valor e significado da própria existência.
É verdade que ninguém pode delegar
aos outros a tarefa de interpretar a vida, mas é igualmente verdade que nenhum
ser humano vive só para si mesmo. E, sobretudo, ninguém é capaz de descobrir
sozinho as chaves para compreender a vida.
Insere-se aqui o serviço prestado
ao ser humano pelos comunicadores especializados. Esforçar-se para fazer com
que seja um ministério eclesial reconhecido, poderá dar dignidade à intervenção
daqueles que são adidos ao trabalho.
Uma competência comunitária
As coisas afirmadas nas páginas
precedentes não são estranhas à vida quotidiana. O aprendizado do modo de
confeccionar uma mensagem, para que seja eficaz, faz parte da missão pastoral.
De outra forma, a comunidade corre o risco de fazer esforços que resultarão
inúteis.
Não basta ter tesouros; devemos
sabe-los utilizar. Se ficassem escondidos e incomunicáveis seriam como dinheiro
bloqueado.
Não se alcançam, muitas vezes, os
objetivos que a comunidade religiosa e a comunidade educativa se prefixaram
porque as formas de comunicação não centraram o núcleo da mensagem, não atraíram
suficientemente a atenção e não envolveram os destinatários: não falamos à
experiências deles.
É verdade que nem todos somos chamados
a ser especialistas em comunicação social. Temos obrigação, porém, de ser
bons comunicadores.
As duas coisas não estão necessariamente
relacionadas. Há entre elas a diferença que corre entre a posse teórica do
saber e o saber fazer de maneira suficiente. Cada salesiano educador e evangelizador
precisa da competência prática em comunicação para todas as suas intervenções:
quando encontra pessoalmente o jovem ou o irmão, quando é chamado a falar
em público, quando anuncia a palavra de Deus a um grupo ou a um vasto auditório,
num retiro ou num debate, quando é oferecida uma ocasião de intervir na comunicação
de massa.
A cada dia é mais evidente que entra
já no ordinário estar preparado para intervir, ocasionalmente ou com uma certa
regularidade, através da imprensa, rádio, TV.
O CG23 já indicara os âmbitos
possíveis. “A Congregação – lemos no documento capitular – empenha-se numa
adequada utilização da Comunicação Social para a transmissão da mensagem cristã
e a educação dos jovens à fé. A comunidade local busque, por isso, a própria
capacidade comunicativa: ajudando cada salesiano a ser um bom comunicador,
capaz de usar uma linguagem adaptada aos jovens e ao povo, especialmente na
liturgia e na catequese; servindo-se de todos os meios (relações, aspecto
da casa, teatro, vídeo, música, salas...) através dos quais são emitidas mensagens
para predispor à fé e difundir a mensagem da salvação; cuidando, particularmente,
da educação dos jovens às diversas formas de comunicação e à leitura crítica
das mensagens”[38]
.
Se as comunidades locais, fazendo
uma revisão, perceberem que não se levaram ainda em consideração essas orientações
do Capítulo Geral, programem um caminho para realizá-los.
Orientações práticas
Apresento-vos, agora, uma série
de indicações operativas. Não se deve tomá-las como um pacote indivisível,
como se cada Inspetoria e cada comunidade devesse realizar todas elas.
A Congregação apresenta-se variegada
quanto à comunicação social. Existem Inspetorias que possuem pessoas qualificadas,
estruturas que atuam como empresas já afirmadas, caminhos experimentados de
formação de irmãos, organismos inspetoriais, múltiplas atividades juvenis
e assim por diante. Outras, diversamente, trabalham em níveis mais modestos.
Será tarefa dos Conselhos Inspetoriais
adequar o programa de ação às exigências do contexto e às reais possibilidades
da Inspetoria. Não se pode ignorar, porém, ou remeter essa dimensão para o
futuro. É clara, entretanto, a opção fundamental e a direção dos nossos esforços:
predispor equipes e centrais dedicadas à elaboração das mensagens, mais do
que preocupadas com o processo de instrumentos ou a gestão de estruturas materiais.
Estas tornam-se logo obsoletas e muitas vezes, uma vez adquiridas, devemos
empregá-las em trabalhos que não se referem estritamente à nossa missão. Os
serviços que esses complexos técnicos prestam, podem ser solicitados a terceiros,
pelo menos nas regiões normalmente providas, enquanto nós nos concentramos
nas mensagens.
Em nenhum campo da vida existem
receitas simples e imediatamente aplicáveis. Muito menos num âmbito que está
em contínua expansão e de que é difícil prever os desenvolvimentos ulteriores,
mesmo em breve tempo. Não é secundário, porém, conhecer as mil possibilidades
que se abrem diante da nossa ousadia apostólica.
Recolho-os ao redor de dois núcleos:
o empenho educativo de cada presença salesiana e a responsabilidade institucional
das Inspetorias diante da cultura da comunicação.
Os dois aspectos são complementares
entre si: deve-se agir no imediato e no pequeno, mas não deve ser desleixada
a preocupação mais vasta pela situação juvenil e a cultura, que exigem ações
programadas também em grande raio e longo tempo.
Estes últimos poderão parecer esforços
que nos superam, e talvez sejam-no. Se não começarmos, porém, como cidadãos
e como salesianos, a assumir maiores responsabilidades, apesar das dificuldades
conaturais a esse trabalho, e as acrescentadas pela concorrência leal e desleal,
jamais se poderá influir no curso das coisas: ou seja, sobre os critérios
dos utentes, sobre a ética dos produtores, sobre a mentalidade dos educadores,
sobre a sensibilidade dos pastores. Saberemos, menos ainda, enfrentar o desafio,
inédito e imprevisível, da complexidade cultural que a comunicação comporta.
O carisma salesiano, justamente
pela sua experiência direta dos jovens e do povo, pode sugerir projetos para
orientar positivamente a comunicação de massa e participar em sua realização
com contribuições de competência educativa e pastoral.
Esforços das comunidades
A comunicação social é, hoje, o
maior fator de socialização e educação. É uma escola sem limites de horário
e espaço, de onde recebem-se informações e modos de agir, orientações de pensamento
e soluções práticas para os problemas que a vida apresenta. Seja considerada,
portanto, como um campo de intervenção para nós Salesianos, sempre atentos
à dimensão educativa.
Eis, portanto, alguns possíveis
empenhos a serem postos à atenção das comunidades para que entrem novamente
no projeto educativo e sejam considerados nas programações anuais.
Ativar a comunicação salesiana
A Congregação e a Família Salesiana
atualizaram-se quanto aos meios e modalidades de comunicação interna. Ela
circula nos diversos níveis (casa, inspetoria, região, congregação) e leva
material abundante, correspondente a variadas urgências e necessidades.
Há a comunicação institucional que
faz chegar, com a autoridade que lhe dão as Constituições e a ampla experiência
da vida salesiana, orientações carismáticas em termos de motivações e indicações
operativas: compreende as Cartas do Reitor-Mor, as comunicações dos Conselheiros
Gerais para a animação do setor que lhes é confiado e as que vão do Centro
Inspetorial às comunidades locais. Tal comunicação já possui muitos elementos
de espiritualidade.
Há, depois, a comunicação fraterna
sobre os acontecimentos da Congregação, que podem interessar de modo maior
pelo seu significado ou reflexo sobre a opinião pública. O artigo 59 das Constituições
indica-o como um dos elementos principais para criar unidade e sentido de
pertença. O mesmo acontece e exige-se em nível inspetorial.
São exemplos. Poderiam ser multiplicados,
fazendo também um discurso análogo sobre a Igreja. Imagino as dificuldades
que se possam interpor: o acúmulo de documentos e comunicações, a escassez
de tempo para comunicar, o interesse diversificado dos irmãos.
Viu-se que é possível gerir a complexidade
que deriva desses três fatores com uma atenção maior por parte do superior-animador,
conservando as oportunidades de comunicar (boa-noite, leitura espiritual,
dia da comunidade, refeições, reuniões), predispondo um lugar onde os órgãos
de comunicação sejam dignamente expostos ao interesse de cada um (sala da
comunidade, biblioteca), fazendo uma seleção inteligente para apresentar na
comunidade o que é mais relevante e interessante, de acordo com critérios
objetivos de vida salesiana ou situação comunitária com um comentário oportuno.
Educar ao uso da mídia
Os termos utilizados nos vários
Países poderão mudar, assim como são diversos os níveis técnicos e as disponibilidades
de programas e instrumentos. Fica para todos a vontade de empenhar-se: os
que trabalham na educação e na evangelização devem sentir-se chamados a elaborar
uma pedagogia que leve à compreensão e utilização da mídia.
Não basta dotar as comunidades juvenis
ou de adultos com instrumentos, até refinados, para fazer crescer a comunhão.
Não será a simples conexão com as redes nacionais e internacionais que garantirão
a difusão adequada de conhecimentos e o aumento das relações, mas, sim, o
uso mirado e racional dessa possibilidade. A orientação educativa é, ao menos,
muito conveniente, também para o adulto.
Vem de aqui a exigência de os educadores
terem a possibilidade de conhecer a fundo as problemáticas que nascem do contato
com as novas tecnologias. É preciso fazer o esforço de aplicar ao mundo da
mídia os princípios e critérios da nossa pedagogia preventiva.
Isso corresponde ao nosso carisma.
Devemos, então, perseguir as suas expressões e, onde for o caso, recuperar
o tempo perdido.
Oratórios, escolas, paróquias, grupos
juvenis sejam ajudados, não digo a entrar na cultura medial, porque talvez
já estejam imersos nela, mas a viver nela com clareza de orientação, a organizar
um programa eficaz de educação, com práticas e revisões adequadas.
Recorde-se que existem os “meios
pequenos”, à medida doméstica e à mão de todos, que representam sempre uma
riqueza comunicativa e servem à qualidade do ambiente: folhetos, revistas,
momentos celebrativos mais ou menos formais e outros semelhantes.
Não fiquemos satisfeitos com a crítica
fácil sobre o que nos vem da comunicação de massa. Percorramos com decisão
e de modo sistemático, o caminho de preparação de jovens e adultos à responsabilidade
e conhecimento da mídia, correspondente ao seu crescimento.
Aplicar as novas tecnologias
ao ensino
Falo de ensino, incluindo aí tudo
o que uma presença salesiana realiza de educativo e pastoral: as relações
interpessoais de amizade, de papéis ou de ministério sacerdotal, o ensino
formal na escola, o debate nos grupos, a proposta evangélica através da pregação,
o momento celebrativo, ordinário ou extraordinário, seja ele cultural ou religioso.
Hoje é necessário colocar-se na
perspectiva de uma comunicação global, perguntar-se como ser eficazes na proposta
que se está oferecendo. A comunidade deverá verificar a coerência entre a
linguagem verbal, as mensagens que se quer comunicar e os significados preterintencionais.
Não basta selecionar os conteúdos; sejam estudadas igualmente as referências
e modalidades de apresentá-los e o contexto no qual faze-los ressoar. As novas
tecnologias mediais servem justamente para centrar e melhorar a elaboração
dos conteúdos escolhidos.
Exige-se, aqui, uma mudança no modo
pessoal e comunitário de trabalhar que nos pode se difícil. Será, porém, em
vantagem dos destinatários e dos valores que entendemos apresentar.
O CG24 indicava esse objetivo: “Valorizar
a comunicação em todas as suas formas e expressões: comunicação interpessoal
e de grupo, produção de mensagens, uso crítico e educativo dos meios da comunicação
social”[39] .
Desenvolver todas as potencialidades
comunicativas das pessoas
A educação salesiana inseriu na
sociedade civil muitos ex-alunos que se distinguiram no âmbito da comunicação
social. Seria difícil apresentar um elenco completo de nomes, de setores da
comunicação onde eles estão inseridos, dos papéis assumidos. Podemos indicar
o teatro, o canto, o espetáculo, a récita, o show, a música, e muitos outros
aspectos do entretenimento e da cultura popular. Podemos recordar os inúmeros
escritores que se prepararam no ambiente salesiano: jornalistas, autores de
textos escolares, romances, leituras educativas e formativas, poetas em vernáculo
e em língua culta.
Não sejam esquecidas ainda as pessoas
criativas que pertencem à nossa Família, que, quando colocadas na ocasião,
souberam aproveitar os dotes pessoais para criar empresas de comunicação:
revistas, editoras com finalidades culturais e educativas variadas, redes
de rádio e de televisão, agências de notícias.
Tudo isso é um sinal de que muitos
jovens encontraram entre nós espaços e apoio para desenvolver capacidades
que, de outra forma, teriam ficado sepultadas.
Seria realmente uma grande perda
se falhassem essas riquezas da nossa tradição educativa!
Demos, pois, confiança aos
jovens!
É maciça a presença deles no areópago
da comunicação. Eles sentem a urgência de acolher a diversidade, de entrar
em contato com quem tem uma cultura ou sensibilidade diversa, de comunicar
experiências, de animar encontros. Eles já crescem equipados com o conhecimento
de mais de uma língua. Exprimem uma surpreendente capacidade de colocar-se
no interior das novas tecnologias e linguagens. Não se pode deixar de ficar
satisfeito com isso; mas, justamente por essas suas capacidades devemos confiar
neles[40] .
Os jovens, dizia a mensagem para
a 24ª Jornada da comunicação social, “tiveram a vantagem de crescer juntos
com o desenvolvimento das novas tecnologias, e será tarefa deles empregar
esses novos instrumentos para um diálogo mais amplo e intenso entre todas
as diversas raças e classes que habitam este “mundo sempre mais pequeno”.
Caberá a eles descobrir os modos com que os novos sistemas de conservação
e intercâmbio de dados podem ser utilizados para contribuir à promoção de
uma maior justiça universal, de um maior respeito dos direitos humanos, de
um sadio desenvolvimento de todos os indivíduos e povos, e das liberdades
que são essenciais para uma vida plenamente humana”[41] .
Sabendo-os orientar no uso desses
instrumentos, poderão tornar-se protagonistas no percurso que nos deve guiar
a objetivos educativos de grande peso no novo milênio.
Refiro-o em primeiro lugar aos jovens
salesianos. É necessário que alguns ou muitos entre eles, oportunamente preparados,
sejam orientados para ocuparem no âmbito da mídia os espaços que se referem
aos meninos e jovens. Trata-se de uma “ocupação” correspondente à pastoral
e ao espírito salesiano de vasta incidência educativa e evangelizadora.
Ajudar os novos pobres
Vez por outra parece que se queira
carregar de aspectos novos o projeto formativo dos Salesianos e o educativo
dos jovens. É um fato que vão se acrescentando em nossa vida novas dimensões
e novas problemáticas, e a necessidade de responder-lhes exige novas atenções.
A comunicação social – mensagens,
instrumentos, cultura – abre ou impede caminhos para interpretar e forjar
a vida. Deduzem-se dela, com facilidade, a visão do mundo e os modelos de
comportamento. A qualidade da vida fica ligada àquilo que os meios de comunicação
apresentam diretamente ou de forma oculta.
A pessoa qualifica-se pela sua liberdade
de autodeterminar-se, pelas opções concretas e pela contribuição que oferece
à convivência e à sociabilidade. Esse relevo exigiria uma reflexão mais ampla
e mais detalhada. As poucas afirmações anteriores servem-me para tirar uma
conseqüência prática que confio às comunidades locais.
Preparar as pessoas ao uso dos instrumentos
oportunos para exercer a própria liberdade e viver de forma mais completa
as exigências da sociabilidade, investe diretamente a responsabilidade de
uma instituição que se apresenta com finalidades educativas.
Exigir a inserção da comunicação
no projeto educativo e pastoral, considerando seus aspectos, possibilidades
e riscos, não significa outra coisa que pedir às comunidades salesianas e
educativas que adquiram e ofereçam competências diante da cultura em que estamos
imersos e da sociedade em que devemos viver.
Os leigos poderão desenvolver uma
tarefa específica nesse setor. Eles, de fato, podem individualizar e elaborar
mensagens que respondam mais de perto à situação e às necessidades atuais
do povo e dos jovens. Eles possuem facilmente uma linguagem mais adaptada
para exprimir valores ou convicções porque forjada na experiência secular,
ligada ao conhecimento direto das condições ordinárias da vida. Particularmente,
os que, dentre eles, têm uma profissão específica podem ser colaboradores
preciosos da missão de Dom Bosco[42] .
Em tema de competência medial hoje,
parece-me indispensável gastar algumas linhas sobre a última revolução informática:
a Internet.
A grande rede estende-se sempre
mais e nos envolve. Estamos aprendendo a usá-la; devemos aprender a apreciar
a sua utilidade e a não ficar emaranhados nela; devemos, sobretudo, conseguir
orientar os meninos e jovens que correm o risco de perder-se em seus labirintos
e chegar a espaços que certamente não os ajudam a crescer.
Para nós, existe a grande tarefa
educativa diante de um espaço que é, sim, virtual, mas que pode ter sérios
reflexos sobre a vida real de meninos e jovens; há ainda uma tarefa de confronto
cultural e ético sobre o uso, a regulamentação, as responsabilidades às quais
não nos podemos subtrair e que podemos promover.
A Internet coloca conhecimentos
à disposição, cria contatos diretos, oferece espaços amplos de comunicação
e difusão de mensagens. Não podemos ser distraídos quanto às suas potencialidades;
devemos assumir atitudes justas diante dela e saber avaliar o influxo que
produz na vida concreta e em nossa ação educativa.
Não há dúvidas de que a Internet,
embora atualmente de modo submerso, está produzindo uma espécie de revolução
antropológica, que não se refere apenas às habilidades de uso, mas toca as
formas de pensamento, os hábitos de vida e a própria consciência. A rede dá
um aspecto novo às noções de espaço e tempo, elimina limites e barreiras entre
nações, torna possíveis interações nas quais todos se sentem em paridade.
Está nascendo um mundo aberto em que desaparecem as barreiras geográficas
entre as pessoas, um mundo interativo e, portanto, vivo e variegado. Muitas
coisas mudaram e outras mudarão em nível relacional, cultural, comercial;
todos os setores de serviços, de atividades de intermediação, de trabalho,
de entretenimento e dos transportes sofrerão perturbações [43] .
Não é possível avaliar plenamente,
ainda, o peso dessa revolução, mas está nascendo o “cidadão eletrônico” que
devemos ajudar a ser “honesto”, a abrir-se ao “além” da rede e reconhecer
a paternidade de Deus, para ser “bom cristão”.
Esforços das Inspetorias
Podem-se exprimir muitos esforços
na vertente institucional em relação à comunicação social. Recolho-os ao redor
de alguns temas e confio-os, neste caso, às comunidades inspetoriais, aos
seus organismos, às comissões de comunicação que trabalham no interior das
Inspetorias.
Conhecer as leis e os próprios
direitos
O ofício inspetorial de comunicação
social, entre outros empenhos, assuma o de conhecer as leis sobre a comunicação
vigentes no País. Ali são também expressos os direitos dos cidadãos, instituições
reconhecidas e grupos de fato.
A partir das diversas legislações
podem-se percorrer muitos caminhos para individualizar aspectos urgentes do
bem comum e concorrer para apoiá-los.
Desenvolvem-se ao redor das estruturas
de comunicação de massa interesses econômicos, políticos, culturais, religiosos,
de poder oculto. Não é fácil entrar em seus dinamismos. O primeiro passo a
dar, porém, é o conhecimento das leis para mover-se com honestidade e segurança
e não colocar em dificuldade nem a si próprios nem, muito menos, a ação apostólica
ou a instituição salesiana. Hoje, de fato, existem muitos aspectos “regulados”
pelas leis cuja violação comporta sanções além de serem desonestidade (direitos
de autor, de imagem, respeito da privacidade, taxas e impostos, declarações
variadas, reproduções, etc.).
É preciso, porém, fazer com que
a legalidade seja respeitada por todos, pelas pessoas comuns e por quem exerce
o poder. Uma consciência que deve crescer entre nós e em nossas comunidades
educativas é o direito de tutela. O bem comum e a defesa da dignidade da pessoa
exigem com frequência, intervenções claras e públicas. O cidadão individualmente
e as associações têm o direito e o dever de exprimir-se com suas tonalidades
próprias, junto às sedes e através dos meios que julguem mais oportunos e
eficazes.
O argumento é vasto e com muitos
aspectos de tipo ético e legal. Ele, porém, barra a estrada a uma atitude:
a aceitação passiva, resignada ou impotente diante das grandes organizações.
Desenvolver algumas atenções
Em continuidade à linha da reflexão
anterior, enuncio várias atenções a serem desenvolvidas. Estão todas em linha
com a prioridade juvenil, de educação e evangelização, que determina os nossos
objetivos.
A primeira é a tutela dos direitos
dos meninos e dos jovens. A experiência dos últimos anos apresentou-nos com
frequência o sofrimento dos mais pequenos e dos mais fracos diante dos conteúdos
mediais e de organizações criminosas interligadas através desses meios.
A violência, o ódio racial, a sedução
moral, a própria publicidade voltada ao público juvenil ofendem a pessoa humana
e influem negativamente no desenvolvimento intelectual, emotivo, moral e psicológico.
Nossas comunidades educativas podem
intervir, singular ou coletivamente, em defesa da legalidade, além de educar
jovens e famílias ao uso adequado do zapping.
Vem depois, a tutela da família.
Muitos espetáculos, que chegam em casa através dos meios da comunicação de
massa, não facilitam as relações cordiais entre seus membros, não apoiam a
fidelidade no amor, não se harmonizam com os critérios evangélicos da vida
de casal.
Os produtores de espetáculos não
podem descarregar toda a responsabilidade nos que se servem da mídia, como
se a democracia comunicativa não devesse ter critérios de auto-regulamentação
interna.
Os grupos que trabalham em nossos
ambientes têm o direito legal de intervir e dar a conhecer as expectativas
dos utentes da mídia.
Há ainda, a tutela da qualidade
do serviço. Afirma-se com frequência, como pretexto, que a qualidade é
um conceito nitidamente subjetivo, que a cada um agrada “um determinado tipo
de qualidade”, que é pedida por ele. É, entretanto, sem dúvida possível indicar
e definir alguns indicadores que ajudem a julgar objetivamente os produtos
oferecidos. O nível técnico, o profissionalismo, a maestria na interpretação
dos personagens e situações, o rigor da trama, a dimensão ética da narração
são alguns critérios de julgamento da oferta feita pela TV. Convém dar a todos
conhecimentos para que possam avaliar com competência e intervir sem complexos.
Configura-se, também aqui, um âmbito
em que os leigos atuantes nas estruturas salesianas podem oferecer uma válida
contribuição.
Por último, coloco a tutela da
privacidade. A busca do lucro econômico não pode ser a única preocupação
dos grandes instrumentos de comunicação.
Assistimos com frequência à concorrência
desapiedada, em busca de fatias de mercado de ouvintes, à manipulação de dados
pessoais com a finalidade de impressionar o público.
Verificam-se assim violações patentes
dos direitos das pessoas e infrações de normas estabelecidas pela lei. Sabe-se
que o “scoop” não é apenas uma técnica; é uma tentação em vista de um lucro
maior.
É justa a reação espontânea que
nos vem diante de informações que não tutelam os dados pessoais. Todos têm
o direito de decidir quais os dados que podem ser tornados públicos e quais
devam permanecer reservados. Cabe-nos ver se numa “questão social” como a
comunicação, as nossas “justas” reações permanecem sempre privadas e individuais
ou conseguem influir no costume e nos comportamentos.
São exemplos. O fato de ter indicado
o tema sirva de ajuda na reflexão das questões que são novas, e que se tornarão,
nos próximos anos, sempre mais urgentes e necessitadas, portanto, de uma organização
clara, de atitudes adequadas e de soluções originais.
Abrir-se a sinergias e colaborações
Lemos nos Regulamentos: «Tais serviços
(de comunicação) assentem-se em seguras bases jurídicas e econômicas e encontrem
formas de entrosamento e cooperação com centros de outras inspetorias e com
o conselheiro geral para a Família Salesiana e a comunicação social»[44] . «Os centros editoriais que atuam
na mesma nação ou região busquem formas convenientes de colaboração para formular
um projeto unitário»[45] .
Um primeiro comentário refere-se
à gestão das empresas de comunicação. Olho com atenção particular para as
casas editoras, que são numerosas na Congregação. Devem corresponder primeiramente
aos critérios que orientam a nossa missão educativa e pastoral. Tenha-se,
também, presente que a atividade editorial, organizada com critério de empresa,
deve ser gerida com profissionalismo bem definido, objetivos claros e um controle
eficiente e freqüente por parte da instituição salesiana.
A segunda observação que se tira
do texto dos Regulamentos é que a comunicação social ultrapassa os limites
restritos de uma Inspetoria. Deve ser pensada, portanto, em rede. O que não
pode ser feito com as forças de uma única inspetoria, pode ser realizado com
a participação de várias. São variados os aspectos em contínua e rápida mudança,
que se não forem observados no momento oportuno, de forma ótima e com custos
proporcionados, esvaziam a empresa e colocam-na fora do mercado. De aí a urgência
de não sobrepor, de não repetir esforços que se possam fazer em comum.
Deram-se na Congregação algumas
reuniões que viram várias editoras juntas para programarem um futuro de colaboração
e ligação.
O caminho deve ser continuado e
incrementado, experimentando e confrontando também modalidades concretas de
realização. Hoje, é indispensável a união para estar presentes de maneira
eficaz e competitiva. Observamos continuamente, em todas as partes do mundo,
fusões, acordos, ligações entre empresas de todo gênero (bancos, linhas aéreas,
indústrias automobilísticas, etc.) para facilitar os serviços, resistir à
concorrência, reduzir os custos e voltar-se mais para a inovação. Nós não
produzimos materiais a oferecer, mas boas idéias a difundir, em vista de uma
colaboração em âmbito cultural tanto eclesial como civil. Devemos encontrar
o modo de concretizá-las em produtos que possam ter a difusão mais ampla possível,
quem sabe com pequenas adequações.
O horizonte ideal é que, experimentada
a colaboração em raios limitados, seja possível chegar a um intercâmbio mundial
de conhecimentos, produtos e projetos. Poderão, também, neste último nível,
amadurecer estratégias globais de Congregação, depois de uma primeira experimentação
positiva dessas colaborações.
Dotar-se de funções úteis
Tem-se a impressão, cá e lá, de
que a comunicação ficou no genérico. Os dois últimos Capítulos tinham individualizado
algumas intervenções necessárias para valorizar a comunicação social na Inspetoria.
O CG23 indicava ao Inspetor a necessidade de nomear um encarregado inspetorial
da Comunicação Social e esclarecia também as suas tarefas[46] ; o CG24 convidava o encarregado,
de acordo com o Inspetor, a ser promotor de uma equipe em que sejam envolvidos
também leigos qualificados e com ela “redija um plano inspetorial de animação,
formação e assessoria no âmbito da CS, prevendo estruturas e instrumentos
adequados”[47]
. Estas opções e atuações concretas devem melhorar a utilização
da CS e integrá-la na ação pastoral da Inspetoria. É preciso, porém, ter outras
sensibilidades e atenções.
Os Regulamentos Gerais indicam ainda:
«O inspetor com o seu Conselho promova, conforme as possibilidades locais,
a nossa presença pastoral no setor da comunicação social. Prepare os irmãos
para inserir-se no campo da imprensa, cinema, rádio e televisão; crie e consolide
os nossos centros editoriais para a produção e difusão de livros, subsídios
e periódicos e os centros de transmissão e produção de programas audiovisuais,
radiofônicos, televisivos»[48]
.
O esforço exigido não é pequeno,
mas importante. Uma estrutura de comunicação, bem organizada e guiada, vale
tanto quanto uma outra presença salesiana no território para os nossos destinatários,
jovens e camadas populares. Ou melhor, a capacidade de chegar a um vasto público
e influir na mentalidade faz com que seja mais eficaz.
Percebo que nem todas as Inspetorias
têm as mesmas possibilidades. Duas, porém, estão à mão de quase todas.
A primeira é o melhoramento do Boletim
Salesiano ou o apoio solidário e permanente a ele. Não é o caso que vos
vale disso. Podereis reler o que foi publicado nos Atos do Conselho Geral[49]
. Recordo apenas a importância que ele tem em nossa história e
identificação atual, na difusão da nossa imagem e na união da Família Salesiana
e do Movimento dos amigos de Dom Bosco.
O trabalho de renovação e relançamento
iniciado, ligando os diretores e as redações das diversas edições, faz com
que estejamos confiantes em sua incidência atual. Diga-se, contudo, que a
estrutura de apoio, a redação, a sede e os instrumentos devem ser adequados
para que o Boletim seja “uma obra” salesiana que exerça todas as suas possibilidades.
Seja dito, também, que não aproveita
à Congregação o fato de as casas ou Inspetorias disseminarem revistas próprias
e não concentrarem os esforços naquela que é a expressão de Dom Bosco e da
nossa missão no mundo. Isso deve ser levado em consideração pela comissão
de Comunicação Social.
A outra função refere-se à nossa
comunicação permanente com o mundo da mídia. Vi, nas visitas feitas,
Inspetorias equipadas para fazer ouvir a própria voz por ocasião de acontecimentos
nossos ou debates de problemas que nos interessam. A sua contribuição aos
órgãos de opinião pública é de valor. Em outras, pareceu-me que não se participe
da vida da comunidade humana.
Um porta-voz, um escritório de imprensa,
uma equipe, não necessariamente a tempo pleno, mas prevenido e envolvido poderia
dar-nos uma voz autorizada em jornais, rádios e televisões, nos momentos em
que temos urgência ou são exigidos por finalidades caritativas ou pastorais.
É indispensável poder participar
dos circuitos em que se elabora comunicação, sobretudo para os jovens e sobre
eles, fazendo ouvir o nosso influxo educativo.
Conclusão
Quando a Congregação tomou consciência
da importância da comunicação e da sua múltipla articulação no trabalho educativo
e pastoral, quis, superando dificuldades internas e externas, um “Instituto
Superior para a Comunicação Social, que era conhecido cm o nome de ISCOS.
Hoje é uma “Faculdade” da Universidade
Salesiana. Enquanto tal, inspira diálogo e intercâmbio enriquecedores entre
disciplinas teológicas, ciências da educação e comunicação social e orienta
educadores e pastores teórica e praticamente à especialização nesse campo.
A originalidade da sua orientação
entre instituições similares tornou-a ponto de referência para muitos estudiosos.
De nossa parte, não só deve ser sustentada e encorajada, mas enchida de presenças
de salesianos e leigos que se preparam para esse setor da missão salesiana.
Concluindo estas reflexões, a minha
imaginação vai à celebração da abertura da Porta Santa já iminente. A diferença
mais notável desta abertura em relação às anteriores, talvez seja que ela
será assistida no mundo inteiro. A voz do Papa poderá ouvida a partir de todos
os ângulos da terra, será até mesmo possível ver o Evangelho narrado nos dezesseis
quadros da Porta, assistir à celebração e, juntos, entrar espiritualmente
na igreja, símbolo da comunhão católica, do ecumenismo cristão, do diálogo
religioso, da solidariedade humana globalizada. Entrar nesses âmbitos de comunhão
está entre os horizontes da conversão propostos para o ano jubilar. E a comunicação
poderá tirar daí a notícia e o convite ao mundo.
Jesus Cristo, que celebramos no
bimilenário do seu Nascimento dê, a nós Salesianos e à toda a Família Salesiana,
a força comunicativa que é própria do seu Evangelho e nos faça sempre mais
capazes de transmiti-lo aos jovens neste Ano de graça.
P. Juan E. Vecchi
Reitor-Mor
[1] Mc 7,37
[2] cf. ACG 369, outubro-dezembro 1999
[3] cf. ACG 369, pág. 48
[4] cf. ACG 358 suplemento, número especial
[5] cf. Communio et Progressio, instrução pastoral sobre os instrumentos
da comunicação social, de 1971
[6] cf. Orientações para a formação dos futuros sacerdotes sobre os instrumentos
da comunicação social, de 1986
[7] cf. Aetatis Novae, instrução pastoral sobre as comunicações
sociais no XX aniversário de Communio et Progressio, de 1992
[8] cf. Mt 10,27; Lc 12,3
[9] PAULO VI, Exortação apostólica Evangelii Nuntiandi, 8 de dezembro
de 1975, n. 45
[10]
JOÃO PAULO II, Carta encíclica Redemptoris missio, 7 de dezembro
de 1990, n. 37
[11]
JOÃO PAULO II, Redemptoris missio, ib.
[12]
USG, O desafio da Comunicação. Meios de Comunicação Social
e evangelização, Roma, 1999
[13]
GS 1
[14]
VC 99
[15]
C 43
[16]
cf. Constituições 1858, I, 5 (cf. Textos críticos preparados por F.
Motto, ISS-LAS 1982, pág. 78)
[17]
cf. C 31
[18]
cf. ib
[19] cf. O Projeto de vida dos Salesianos de Dom Bosco. Guia à leitura
das Constituições Salesianas, Roma 1986, pág. 363
[20] E. CERIA,
Epistolario di San Giovanni Bosco, vol. 4º, pág. 318ss, carta número
2539. Circular de 19 de março de 1885: “Difusione dei buoni libri”
[21]
cf. CG24, n. 249-251
[22]
CCG 358 suplemento, cf. 2,21, pág. 15 e parte II – Comunicação
Social, pág. 29-32
[23]
ACG 358 suplemento, cf. 2,21, pág. 15
[24] cf. ACG 363, Especialistas, testemunhas e artífices de comunhão.
A comunidade salesiana – núcleo animador.
[25] BRAIDO P. (coordenado por), Dom Bosco Educador. Escritos e
testemunhos, Roma, LAS 1997, pág. 282
[26]
Mc 7,32-37
[27]
cf. Mc 8,22-24; Jo 9,35-38
[28]
MB XIII, 126
[29]
cf. At 17.20
[30]
cf. Inter mirifica (IM), 2
[31]
Jo 1,14
[32] “Se a Igreja adota uma atitude positiva e aberta em relação à mídia,
procurando penetrar a nova cultura, criada pela comunicação com a finalidade
de evangelizá-la, é necessário que ela proponha também uma avaliação crítica
da mídia e do seu impacto na cultura.
Como já
foi dito outras vezes, a tecnologia da comunicação constitui uma maravilhosa
expressão do gênio humano e a mídia serve consideravelmente à sociedade. Como
foi igualmente sublinhado, porém, a aplicação da tecnologia da comunicação
foi apenas em parte um benefício, e a sua utilização consciente precisa de
valores sadios e de opções prudentes por parte dos indivíduos, do setor privado,
dos governos e do conjunto da sociedade. A Igreja não entende impor essas
decisões e opções, mas quer dar uma ajuda real indicando os critérios éticos
e morais aplicáveis nesse campo, critérios que se encontrarão tanto nos valores
humanos como nos valores cristãos” (Aetatis Novae, 12).
[33]
Cf. Aetatis Novae, 18
[34] Os profissionais católicos leigos e as demais pessoas que trabalham
no apostolado eclesial das comunicações sociais ou na mídia profana, esperam
com frequência da Igreja orientação espiritual e apoio pastoral. Um plano
de pastoral para a comunicação deveria procurar, portanto [...] nutrir a fé
dos responsáveis da comunicação e apoiar o seu empenho nesse difícil trabalho,
que consiste em comunicar ao mundo os valores do Evangelho e os autênticos
valores humanos (Aetatis Novae, 29)
[35]
cf. R 100
[36]
cf. ACG 361, outubro-dezembro de 1997
[37] Conferência episcopal alemã e Conselho da Igreja Evangélica na Alemanha,
Mídia: perspectivas e riscos, parte 3ª, 3.2
[38]
CG23, 257-258
[39]
CG24, 129
[40]
cf. Communio et progressio, 70
[41]
Mensagem para a 24ª Jornada Mundial das Comunicações Sociais, 24 de
janeiro de 1990
[42]
cg. CG24, 132
[43]
cf. AA.VV. Internet. L’informazione senza frontiere.
Paulinas, Milão 1997, pág. 138
[44]
R 31
[45]
R 33
[46]
cf. CG23, 259
[47]
CG24, 136b
[48]
R 31
[49]
cf. ACG 366, pág. 100-118